quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Passagem para a outra margem

Hoje atravessámos o rio Advent até à margem direita. Escolhemos o dia de hoje por ser o que, segundo as previsões meteorológicas, iria ter uma das temperaturas mais baixas da semana (0-1ºC) e por não ir chover ou nevar. Assim a quantidade de água no rio, que é relativamente largo, com vários canais mas pouco profundo, seria menor e permitiria um atravessamento mais rápido e seguro. E assim foi, fazendos alguns "esses" para procurar os sítios menos profundos, tudo decorreu sem problemas.


Do lado de lá, tínhamos como plano de trabalho principal colher amostras do solo em variados pontos e obter informação de referência precisa em determinados pontos sobre as classes de ocupação da superfície, ou seja, saber se era vegetação e de que tipo, solo ou rocha, água, etc. para depois posteriormente nos ajudar a validar a classificação de toda esta região nas imagens de detecção remota.


Tentámos também fazer o reconhecimento de uma rede poligonal mais para jusante. Sabíamos que era uma zona que estava com alguma água, onde existia vegetação ficavam as nossas pegadas...


... mas nunca pensámos que estivesse tão empapada...


Para além de o sol se ter dignado a aparecer pela primeira vez desde que cá estamos, também vimos, um pouco ao longe, uma boa meia dúzia de renas.


Em conclusão, foi um dia longo e cheio, em que percorremos mais de uma boa meia dúzia de quilómetros, e em que a quantidade e qualidade de dados recolhidos foi significativa.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terceiro dia no campo

Hoje manteve-se a rotina campestre dos dias anteriores, não houve nada de muito diferente nas nossas actividades. Pode-se bem dizer "no news is good news", conseguiu-se mais uma boa quantidade de dados.

O Zé Saraiva andou literalmente a perseguir os contornos dos polígonos.



No campo é mais importante identificar os de espessura mais fina, de formação mais recente, e que nas fotos aéreas são mais difíceis de reconhecer. Mesmo aqui essa identificação é por vezes complicada, algumas arestas terminam a “meio caminho” entre dois vértices ou a vegetação mascara acentuadamente a depressão do terreno. Mas é uma tarefa fundamental para validar e complementar o que se detecta nas imagens de detecção remota e que se prolongará certamente até ao final da campanha para no fim ficarmos com uma rede poligonal bastante completa e correctamente identificada.



Eu hoje andei a levantar pontos GPS, foi também um excelente exercício físico. Quase sem se dar por isso, fazem-se uns bons quilómetros. Começa-se bem agasalhado, depois a luvas deixam de ser precisas, abre-se ou tira-se um dos casacos. O gorro é que nunca tiro da cabeça, a mim faz-me sempre falta.



O Marc e o Mário lá continuaram na amostragem dos solos ao longo dos trajectos previamente definidos. É uma tarefa que requer simultaneamente algum esforço físico para perfurar o solo com um trado até profundidades que ultrapassam 1 m, mas também alguma perícia para recolher a amostra o mais intacta possível.



O Gonçalo, o Marco e a Maura prosseguiram as suas tarefas de construção de informação de referência (ground-truth) e de levantamento das formas superficiais do terreno.


O Maarten continuou silenciosamente a andar atrás de nós com todo o seu equipamento de filmar. Apesar do seu mais de um metro e noventa de altura, temos conseguido quase não dar pela sua presença.



No fim da tarde, no regresso à cidade, alguns de nós foram ainda para UNIS para, depois de devolvermos as espingardas e os flares, analisar alguns dos dados recolhidos e preparar algumas actividades para o dia seguinte. Outros foram ainda ao supermercado para depois preparem o jantar. Estabelecemos uma escala quando aqui chegámos, em cada dia há 2 de nós que tratam de ir às compras e cozinhar para todo o grupo. E claro, de lavar a loiça e arrumar a cozinha.

O tempo hoje esteve quase sempre esteve encoberto, muito pouco vento e por isso a temperatura de 2-3ºC foi, pode-se dizer, um pouco amena.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Segundo dia no campo

Este segundo dia no campo acabou por ser o primeiro dia em que estivémos todo o dia em Adventdalen. Só não foi de sol a sol porque, mais uma vez, o nosso astro rei não se dignou a aparecer. No entanto, pode-se dizer que as temperaturas de 3-4ºC eram amenas, porque o vento praticamente não existiu.


Organizámo-nos em quatro equipas para executar quatro tarefas: levantamento de pontos com o GPS diferencial numa malha regular para depois construirmos o modelo digital de terreno, recolha de amostras de solo em vários locais para estudar a sua variabilidade espacial, verificação de todos os contornos do polígonos, ou seja, das cunhas de gelo dos polígonos (ou mais correctamente, da expressão das cunhas de gelo à superfície) e no levantamento geomorfológico sistemático para elaboração de mapa com elevado detalhe.



Quanto à presença de renas, tão comuns neste vale durante a nossa campanha de Junho de 2010, nem um vislumbre. Talvez porque neste período do ano a sua comida seja melhor ou exista em mais quantidade noutras paragens aqui da ilha de Spitsbergen.

domingo, 28 de agosto de 2011

Primeiro dia no campo

O primeiro dia da campanha iniciou-se na UNIS, The University Centre in Svalbard, com a instalação da equipa na sala de trabalho destinada à equipa do projecto, seguida de uma pequena reunião para relembrar as actividades que cada uma dos grupos de trabalho irá realizar e na verificação do equipamento a levar para o campo.

Devidamente equipados e agasalhados lá fomos para rua, começando por fazer um breve reconhecimento de terrenos com solos ordenados.


Depois fomos para Adventdalen, o vale glaciar onde estão as nossas velhas amigas redes poligonais (bem, não são assim de tão longa data, pois só as conhecemos o ano passado), e que é o nosso principal sítio de trabalho (vale mais ao fundo na foto).


Todo o trabalho deste dia consistiu em tarefas preparatórias, como reidentificar os 121 polígonos da campanha de 2010 com umas bandeirinhas amarelas numeradas, verificar se a estaca que marcava a posição de localização do nosso GPS se encontrava no mesmo sítio (encontrava pois!), delinear os perfis para recolha das amostras de solo e medir a espessura da camada activa (nalguns pontos andava à volta de 1 metro), avaliar o estado da vegetação, entre várias outras tarefas.


Foi um bom aquecimento para os próximos dias. A temperatura já começou a baixar, andou à volta dos 3-4ºC, mas sem vento não se estava mal. O sol é que se esquivou a encontrar-se connosco, nunca se deixou ver directamente, pois andou sempre escondido atrás das nuvens.


sábado, 27 de agosto de 2011

Partidas e chegadas

Eu, o Gonçalo Vieira, o José Saraiva, o Mário Neves e a Maura Lousada, cinco dos sete membros da equipa da campanha deste ano, saímos de manhãzinha do aeroporto da Portela em Lisboa. Fizémos escalas em Oslo e em Tromso antes de aterrarmos em Longyearbyen, a pequena cidade que é a "capital" do arquipélago de Svalbard. Tem mil e tal habitantes, e é a cidade mais setentrional, ou a norte, cá da nossa Terra (78º13' de latitude Norte).


Em Longyearbyen já estavam o Marco Jorge e o Marc Oliva, os outros 2 membros da equipa do projecto, e também o Maarten Roos, um cientista realizador que está a preparar um documentário sobre o projecto ANAPOLIS e que nos irá discretamente seguir durante a nossa estadia. Os três tinham chegado a Svalbard 2 dias antes, a 25, para resolverem e adiantarem importantes aspectos logístiscos relacionados com o nosso trabalho e fazerem também um curso de tiro, obrigatório para quem anda no campo em Svalbard, por causa da presença do urso polar.


O céu estava encoberto e a temperatura do ar rondava os 6ºC. A diferença horária é de mais uma hora em relação Portugal e o dia ainda tem oficialmente a duração de 24 horas.

Campanha de 2011 no Ártico (78ºN)

Este blog tem como objectivo apresentar o diário de campanha sobre as actividades que um grupo de investigadores portugueses, em colaboração com colegas noruegueses, realiza em Agosto e Setembro de 2011 no arquipélago de Svalbard, Noruega a 78ºN de latitude.

Diariamente apresentaremos aqui uma breve descrição das nossas actvidades.

Sejam então bem vindos a Marte, em Svalbard!